Quem é de Angicos certamente provou ou já ouviu falar no pêlo. Uma
fruta nativa da caatinga comumente encontrada em toda a região do semiárido.
Exótica, essa fruta é proveniente da palma – Opuntia
fícus-indica – uma espécie de
cacto nativo, que vem se transformando em matéria-prima para a produção de
sorvete. A ideia partiu de uma pequena empresária do município de Angicos para
fazer jus ao nome da empresa Sertão Gelado. A fábrica é uma das novas incubadas
pela Incubadora Tecnológica e Multissetorial do Sertão do Cabugi, da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido do Campus de Angicos.
“Temos como diferencial a inovação de sabores aproveitando as
frutas da região”, afirma a proprietária da sorveteria Sertão Gelado, Kaline
Cristine de Castro Felipe. Além das frutas mais comuns, como manga, caju, umbú
e abacaxi, a novidade é o sorvete da fruta do pêlo. “Iniciarmos por sugestão de
um vizinho, aceitei o desafio e quem degustou aprovou a novidade”, afirmou.
Outros sabores regionais já foram testados com sucesso como: milho, tapioca e
rapadura.
A fruta do pêlo remente a uma tradição antiga dos moradores de
Angicos que tinham o hábito de consumir a fruta in natura com açúcar. “Quem é de Angicos
conhece o pêlo e as muitas histórias envolvendo a fruta”, disse Kaline,
adiantando que “para reconhecer um angicano basta olhar embaixo da língua para vê
se tem pêlo, se tiver, não resta dúvida, é de Angicos”.
De sabor azedo, a fruta do pêlo possui uma polpa carnuda que
também pode ser utilizada na produção de geleias, mouses e recheios (caldas). O
quilo chega a custar R$ 10,00. O preço alto é devido à dificuldade no
beneficiamento. O fruto deve ser manipulado com cuidado uma vez que a sua casca
possui muitos pontinhos cheios de minúsculos espinhos, os pêlos, que penetram
na pele. Para retirá-los se faz necessário o uso de uma pinça. Em toda a região
nordeste a planta – palmatória ou forrageira – é utilizada como alimentação
para os animais no período de seca. Em alguns Estados essa fruta é conhecida
como figo da índia.
EMPREENDEDORISMO – O desejo de montar o
próprio negócio motivou a pequena empresária a entrar no ramo da produção de
sorvetes. Como acontece com a maioria dos pequenos empreendedores, as
dificuldades eram proporcionais a vontade de vencer. “Começamos produzindo
picolés para vender na escola, para depois iniciar o sorvete”, conta Kaline Castro.
“Nem liquidificados nos tínhamos e todos os primeiros equipamentos foram
comprados de segunda mão”, afirmou.
A empreendedora lembra que teve a convicção de que estava no
caminho certo ao participar em 2010, do curso Empretec e, posteriormente, do Programa
Agentes Locais de Inovação – ALI, ambos pelo Sebrae. Kaline também participou
de cursos promovidos por empresas privadas fabricantes de maquinários para a
produção de sorvete.
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