Senador eleito, o capitão da Polícia
Militar Styvenson Valentim (Rede Sustentabilidade) afirma que a prioridade é
manter, no exercício do mandato, a coerência. Isso significa, disse o senador
eleito, ter uma atuação íntegra, justa e de acordo com a moralidade. Segundo o
capitão, isso vai assegurar que, ao atuar no Senado, continue a ser como à
população o conheceu.
Ele concedeu a entrevista que segue na Escola Estadual Maria
Ilka de Moura, no bairro do Bom Pastor. A escola foi recuperada por
iniciativa do militar. “As crianças acreditam muito em mim”, disse
Nesta entrevista, Styvenson também confirma que terá que
deixar o partido Rede Sustentabilidade, legenda pela qual concorreu nas
eleições. O Rede não alcançou a cláusula de barreira e, portanto, não terá
bancadas no Congresso Nacional. Isso impõe a troca de partido. O capitão diz
que não escolheu a nova legenda partidária à qual vai se filiar.
O que o senhor pretende priorizar no mandato que inicia em fevereiro? É cumprir e ter
coerência com o que disse até aqui, além de manter a forma como as pessoas
sabem que eu sou, uma pessoa íntegra, justa e dentro da moralidade. Os outros
assuntos ficam até mais fáceis de serem discutidos quando se tem uma postura,
que a pessoa mantém em qualquer lugar. Não adianta querer discutir Previdência,
reforma tributária ou qualquer outro assunto pertinente, se não houver o mínimo
de moralidade. Então, vejo hoje, na sociedade, que as pessoas se espelham muito
no capitão Styvenson ou buscam nele essa esperança. Esse é o motivo das pessoas
acreditarem. Estou aqui nessa escola... As crianças acreditam muito em mim.
Essa escola é aqui e ao lado está a minha ex-Companhia. Não comando mais
a Companhia. Fui tirado de lá por causa da política e tenho muita
responsabilidade e obrigação com os estudantes. Então, a minha prioridade, minha
preocupação, é cumprir o que as pessoas querem que eu faça.
Mas já tem uma ideia de quais projetos de lei deve apresentar no Senado?
Tenho várias ideias.
Algumas partem das pessoas. Por onde ando, mesmo no interior ou fora do Estado,
chegam com ideias, apresentam projetos e pedem para que eu leve ao Senado. Os
senadores que não foram reeleitos, e estão saindo em outros estados, têm esse
cuidado de passar os projetos deles para mim. Tenho projetos para a educação,
combate às drogas, trânsito, áreas nas quais atuei.
Então, tem muita coisa anotada, planejada? As ideias estão
saindo da cabeça e passando para o papel. Agora, li o guia do parlamentar.
Estou lendo pela segunda vez a legislação interna e todo o conteúdo interno,
que rege o Senado, com anotações para ficar bem ciente sobre as regras.
Como será o posicionamento em relação ao governo Bolsonaro?
Na campanha
eleitoral me posicionei bem independente, nem para um lado e nem para o outro.
Nem PSL, nem PT. Agora, chegou o momento que tem de fazer uma escolha, possivelmente
partidária, porque a cláusula de barreira não foi atingida pelo Rede, partido
ao qual devo a candidatura. Eles me permitiram ter uma candidatura cidadã e bem
diferente. Mas, em relação à postura política, estou para contribuir e ajudar,
tanto o governo federal, como o estadual. Eu vou tirar do cenário pessoas, vou
tirar o nome Bolsonaro e vou tirar o nome Fátima para deixar Brasil e Rio
Grande do Norte. Estou aqui para ajudar o país e o nosso estado.
O PSL já procurou para falar de filiação a esse partido,
como cogitou o senador eleito por São Paulo, Major Olímpio?
Até agora o PSL não me procurou, mas outros senadores,
lideres de partidos, querem conversar comigo. Por enquanto, não conversei com
nenhum deles.
Conversou com o Rede a respeito disso?
Ainda não. Minha
prioridade agora é a formação do meu gabinete no Rio Grande do Norte e em
Brasília. Tanto que fiz processo seletivo com a captação de currículos
profissionais, dentro de áreas específicas em que considerei serem importantes
para o nosso mandato e, concomitantemente, me articular dentro de um órgão como
o Senado, para o que possa trazer o que for melhor e o que o Rio Grande do
Norte precisa.
A reforma previdenciária deve ser um dos principais assuntos
em pauta no próximo ano no Congresso. O senhor defende uma reforma como a que
está em discussão no parlamento? Qual a sua definição em relação à idade mínima
para a aposentadoria?
Da forma que está... Tem de ter uma avaliação mais cautelosa
e profunda. Para toda e qualquer reforma, não se pode chegar e dizer que é sim
ou não, a favor ou contra. É preciso ver os números, elementos que, realmente,
fundamentem ou corroborem que essa reforma previdenciária seja feita de forma
segura e mais que transparente e igualitária. Quanto à idade, não sou eu que
estou falando e nem outra pessoa, é o IBGE que diz que a expectativa de vida
está aumentando. A medicina e a qualidade de vida do brasileiro estão
evoluindo. Mas essas perspectivas de vida é para quem é da “Classe A”, que tem
plano de saúde, melhorias na educação e na alimentação. Quando a gente fala, “a
população está envelhecendo”... Quem está envelhecendo? É isso que se precisa
discutir, porque se for uma coisa igualitária, vai prejudicar a quem?
Como militar, que projetos o senhor pretende defender na área de
segurança, que tem os mais graves problemas do país e do Rio Grande do Norte?
Defendi na campanha, e defendo ainda, a ideia de uma polícia
unificada e sem distinção. Não dá para entender e se chegar a um ponto no qual
a segurança pública seja fatiada entre municípios, estados e governo federal,
ou entre Polícia Civil, Militar ou Federal. E entre elas existe uma
discrepância grande. Não falo só de salários, de estrutura, mas também de
conhecimento. Falo ainda de atribuições, de tudo. Se acontecer um fato agora,
que exija a presença da Polícia, como um homicídio, chega a PM e isola a cena
do crime; vem o Itep, faz o seu trabalho; vem a Polícia Civil, faz outro
registro. Depois se manda o inquérito para uma delegacia especializada e para
outra e demora muito na investigação. Na verdade, se o policial militar tivesse
meios e conhecimentos, ao chegar primeiro na ocorrência, poderia dar soluções
mais rápidas, mais eficientes. Mas não estou puxando para o lado da Policia
Militar. Estou puxando para quem for à ocorrência primeiro. Se for a
Polícia Civil, que faça. Se for Bombeiros, que faça. O problema é que se
diversificou e separou muito. Assim, se tem pouca eficiência no que vai fazer.
Um acidente de trânsito, com vitima ou sem vítima... Se for sem vítima, chama a
Semob. Se for com vítima e no local da PRF, chama a PRF. A população não quer
saber de quem é a atribuição, quer que resolvam. Isso funciona para muitas
coisas. Não é só na segurança. Essas divisões, que todo mundo percebe, emperram
muitas coisas. A burocracia dificulta para trabalho funcionar.
O senhor é favorável à redução da maioridade penal? Para quantos anos? Mais uma vez
defendo o que defendi em campanha. Sou a favor da redução da maioridade penal
desde que dê direito a quem tem direito. Caso contrário, seremos desumanos e
injustos. Agora, estamos em uma escola pública, na Zona Oeste de Natal, próximo
à comunidade do Japão, a 1 km do Mosquito e a 50 metros das comunidades Márcia
Maia e do Salgado, áreas críticas e dominadas por facções criminosas. E a
Policia Militar está sucateada, sem efetivo, mecanismos e tecnologias. Não tem
como combater. Fala-se em redução de maioridade. Aqui tem uma escola
lotada, com 400 crianças, há dois anos não tinham trinta. Essas crianças
estavam onde até ontem?
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